O gosto por determinados filmes, pra mim, é uma coisa muito pessoal. Digo isso já que muitas vezes te indicam "o filme" e você acaba por achar uma porcaria. Ou então, melhor ainda, tem filmes que você, por preconceito, acaba não assistindo por achar que deve se tratar de pura idiotice. Esse último conceito (esse último pré conceito) foi meu pensamento a respeito do filme "Clube da Luta".
Sim sim, o filme é violento, é sangrento, retrata muito da estupidez e alienação humanas mas é especialmente GENIAL. Não, eu não perdi meu cérebro na esquina e não acho que violência é o que há hoje em dia, apenas comecei a recapitular em minha mente um pouco da polêmica gerada por ele e confrontá-la com a chuva de momentos epifânicos que obtive assistindo cada cena com meus próprios olhinhos.
Lembro bem que boa parte da polêmica gerada pelo filme era relacionada à violência gratuita, no filme e na vida real, essa última supostamente incentivada pela crueldade do referido filme. Gente louca matando outras pessoas no cinema, por exemplo, foi uma das questões das quais duvidei por achar que um filme é muito pouco pra justificar a mente doentia de alguém. No entanto, a mente humana tem uma capacidade incrível de fazer imbecilidades.
Aliás, essa capacidade é um dos pontos mais intrigantes do filme, já que a genialidade do mesmo inclui o fato de um simples empregado de uma empresa qualquer acaba por fazer uma revolução em sua vida ao conhecer Tyler, um homem que condena o consumismo e encara a violência como diversão.
A violência em si não é somente o tom do filme, mas principalmente, é o ponto inicial das mudanças drásticas na vida do anônimo e personagem principal da trama e traz à tona uma série de questões.
A primeira delas é o consumismo, transformando as pessoas em escravas dos produtos que compram, ou seja, é a velha discussão do "você é o que você compra?". Essa discussão chega a ser um clichê social e aqui é levada ao extremo, levando os personagens a viverem no limite das necessidades básicas, em virtude de evitar o consumo desnecessário.
Mais do que o consumo, Tyler condena a estrutura da sociedade atual em si, a vida desperdiçada em trabalhos amargos, tristes e alienantes, os quais tem como objetivo ganhar mais dinheiro para consumir mais. Mais intrigante ainda é observar como os dois personagens chave da trama, acabam por arrebanhar diversos homens de diversos locais do país em torno da luta e da satisfação que ela representa como alivio de tensão e diversão.
Tudo isso culmina num caos em busca da libertação da sociedade, escravizada pelo dinheiro, por meio da epifania ou loucura de um único personagem. Afinal,
"It´s only after we´ve lost everything that we´re free to do anything"
(essa fala é do Tyler, Personagem do Brad Pitt)
Assista e você vai entender...